sábado, 28 de maio de 2016

NATALÍCIO CAMBOIM, UM PERNAMBUCANO DE QUEBRANGULO

Por Etevaldo Amorim
Natalício Camboim, Illustração Brasileira, 1922.
Pernambucano de nascimento, mas estabelecido em Alagoas desde os anos 1890, Natalício Camboim tornou-se um dos mais destacados políticos do início do Século XX. Advogado, industrial, chegou a ser Adido Comercial da Embaixada do Brasil na Espanha e Portugal, com sede em Madri. Nessa condição, fez publicar informações sobre os recursos econômicos do Brasil, tais como: “Brasil, sínteses de sus recursos econômicos, nueva edicion aumentada”, Madrid, Imprenta de Juan Puego, 1928.
NATALÍCIO CAMBOIM DE MENDONÇA VASCONCELOS, nasceu em Barreiros, Estado de Pernambuco, a 23 de maio de 1872. Era filho do Cel. João Carlos de Mendonça Vasconcellos de Ana de Siqueira Cavalcanti Camboim (filha de Ana Olímpia Bezerra de Siqueira e Francisco Alves Cacalcanti Camboim, 1º e único Barão de Buíque).
Estudou no Recife, no Colégio Instituto Acadêmico (Rua Visconde de Goiana, 153, Mondego), prestando Exames de Preparatórios para a Faculdade de Direito no ano de 1888. Nessa ocasião, faz parte do corpo redatorial do jornal O Combate, do Clube Autonomista Acadêmico, juntamente com Francisco de Albuquerque, Belisário Távora, Souza Leão Junior, Estácio Coimbra e J. Studart.
Depois de formado, estabeleceu-se em Quebrangulo, onde, em 18 de fevereiro de 1896, se casou com Joaquina Tenório, filha do Barão de Palmeira dos Índios: Paulo Jacinto Tenório, que dá nome à importante cidade alagoana. Ao morrer em 1927, seu sogro era o maior proprietário rural de Alagoas, com 80 fazendas de gado. Natalício e Joaquina tiveram os filhos: Natércio;  Natalício; Maria Júlia; Natálio e Ana.
Em Quebrangulo foi industrial e Presidente do Conselho Municipal e também Inspetor Escolar. Era tio do famoso Tenório Cavalcante, o homem da capa preta (Natalício Tenório Cavalcanti de Albuquerque).
Quebrangulo em 1931, vendo-se ao fundo a Matriz do Bom Jesus dos Pobres.
  Foto: Revista da Semana-Março 1931.
Natalício Camboim sentado ao centro, tendo a sua direita (esquerda de quem olha) o Major Francisco Pedro Ribeiro e a sua esquerda (direita de quem olha) o Capitão João Honório de Carvalho. Em pé: da esquerda para a direita: Coronel Felino Tenório de Albuquerque, Tenente João Leão Feitosa e Adolpho Marques da Costa Soares. Foto: O MALHO, Ano X, nº 461, RJ, 15 de julho de 1911.
Membro do PRC – Partido Republicano Conservador, foi eleito três vezes à Assembleia Estadual: de 1900 a 1907. Em 1908 foi eleito Senador Estadual, mas, com um ano de exercício do mandato, renunciou por ser eleito Deputado Federal. Durante várias Legislaturas, de 1909 a 1916, teve como companheiros de bancada alagoana: João Francisco de Novaes Paes Barreto, Eusébio de Andrade, Epaminondas Gracindo, Sampaio Marques, Raimundo Pontes de Miranda, Rocha Cavalcanti, Barros Lins, Accioly Junior, Alfredo Carvalho, Venâncio Labatut, Alfredo de Maya, Luiz Mascarenhas, Miguel Palmeira, Mendonça Martins, Costa Rego, Luiz Magalhães da Silveira, Freitas Melro, Araújo Goes, Euclides Malta.


Reunião da Comissão organizadora dos festejos para a recepção do General Gabino Besouro, vendo-se na Mesa, ao centro, o Sr. Antônio Machado, de terno branco, (apresentado pelos Conservadores para Vice-Presidente do Estado), tendo à sua esquerda os Srs. Natalício Camboim e Guedes Lins e, à direita, os Srs. Guedes de Miranda, Eusébio de Andrade, João Agnelo, Pedro Xavier e outros políticos de influência. Fonte: O Malho, Ano XVII, nº 806, 23.02.1918.

Naquela Casa Legislativa, foi membro das comissões de: Redação; Petições e Poderes; Agricultura e Indústria, da qual foi Presidente, e também da Comissão de Diplomacia e Tratados, tendo sido um dos signatários, em 15 de maio de 1915, do parecer favorável à aprovação do Tratado denominado ABC (Pacto de Não Agressão, Consulta e Arbitragem), entre Argentina, Brasil e Chile.


Eusébio de Andrade e Natalício Camboim. Foto: Fon-Fon.

Entre as muitas ações levadas a efeito durante os seus mandatos, encontramos gestões pelo estabelecimento de ligação, por via férrea, entre as cidades de Quebrangulo, Palmeira dos Índios, Porto Real do Colégio; melhoramentos no Porto de Maceió e desobstrução da barra do rio São Francisco. Entretanto, tornou-se mais conhecido pelo que se passou a denominar “Acordo Camboim”. O que seria isso? Seria uma aliança eventual de que resultaria prejuízo para determinada parte. Costa Rego, contemporâneo de Natalício, em artigo intitulado A Fórmula Impossível, no Correio da Manhã, edição de 6 de novembro de 1949, explica:
“A fórmula do ‘Acordo Camboim’ é minha. Há trinta e poucos anos, projetava-se a intervenção federal em Alagoas porque o governador eleito e empossado, Batista Accioli, não tivera, alegava-se, os respectivos poderes regularmente verificados. O deputado Camboim e seus amigos eram pela intervenção; eu, também deputado, e meus amigos éramos contra a medida.
Levado o assunto ao Dr. Wenceslau Braz, Presidente da República, este, que sempre detestou as demandas, sugeriu um acordo, mediante o qual o governo fosse aceito por ambos os grupos, sob a condição, porém, de recompor-se o Senado Estadual, que, na forma da Constituição, reconhecia e proclamava o governador eleito.
Todo o caso político tinha, aliás, por objeto o Senado, cuja legitimidade estava em dúvida por se haver dividido em duas a Assembleia, com o concurso de senadores remanescentes da renovação do terço.
Partiu-se então do princípio de que deveriam desaparecer todos os senadores por meio de renúncia expressa. Dada a ausência do Senado, organizar-se-ia outro, em ato eleitoral a que todos comparecessem com seus candidatos escolhidos em lista comum, compondo o número exato dos senadores, de modo a não poderem os partidos incriminar os mandatos dos adversários. Para organizar essa lista era preciso um acordo.
Os entendimentos foram difíceis. Havia quinze senadores a eleger. Não era possível dividi-los, sem que um partido obtivesse oito contra sete, além de que os três terços deveriam ficar separados por senadores de uma Legislatura, de duas e de três. Os amigos de Camboim queriam a de três Legislaturas, preferência que também era dos meus amigos... A divisão, já impossível pelo número ímpar, ainda se complicava na maneira de atribuir as cadeiras de maior e menor mandato.
Foi quando imaginei uma fórmula: os cinco senadores de maior mandato pertenceriam aos amigos de Camboim; os cinco de mandato médio, aos meus amigos; e os cinco restantes, de mandato menor, seriam indicados pelo governador, que merecia a confiança de ambos os grupos.
Levei a fórmula ao Dr. Wenceslau Braz, para que a impusesse como sua. Pareceu-lhe excelente.
Formou-se a lista de candidatos. O que mais interessava conhecer eram os escolhidos pelo governador, fiel da balança. O governador, membro do nosso partido, foi busca-lo entre nossos próprios correligionários. E assim ficamos com a maioria no Senado.
Camboim, a quem hoje me liga afetuosíssima amizade, fingiu não haver recebido o golpe; mas uma vez, ao lhe perguntarem se o acordo lhe causava satisfação, respondeu:
“Sim, o acordo foi excelente. Estamos vivendo em plena harmonia: eles entraram com o pau, nós entramos com as costas”.
A esta forma de entregar as costas ao pau chamou-se “ACORDO CAMBOIM”.
E Costa Rego arremata:
“Como Colombo, o descobridor do Novo Mundo, não deu o nome à América, também eu não dei o meu ao acordo”.
Costa Rego. Foto: O Malho, 07/06/1924.

Baptista Accioly. Fon-Fon, 28/07/1917.














Faleceu no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1956[i].
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Fontes:
BARROS, Francisco Reynaldo Amorim de. ABC DAS ALAGOAS.
ROCHA, José Maria Tenório da. QUEBRANGULO, QUEBRANGULO SEMPRE SERÁS.

MY HERITAGE, https://www.myheritage.com.br/person-3002064_30474742_30474742/dr-natalicio-camboim-de-mendonca-vasconcelos


[i] DIÁRIO DE NOTÍCIAS, RJ, 8 de julho de 1956; DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 6 de julho de 1956.


sábado, 7 de maio de 2016

ALBUQUERQUE LINS, O ALAGOANO QUE GOVERNOU SÃO PAULO

Por Etevaldo Amorim
À época do Império, alguns paulistas governaram Alagoas: José Joaquim Machado de Oliveira (14/12/1834); Antônio Moreira de Barros (09/09/1867 a 22/05/1868); Antônio Cario da Silva Prado (de 05/09/1887 a 16/04/1888). Mas pouca gente sabe que um alagoano já governou São Paulo. Trata-se de Albuquerque Lins, que esteve à frente da governança do maior estado do País de 1º de maio de 1908 a 1º de maio de 1912.
Manuel Joaquim de Albuquerque Lins nasceu em São Miguel dos Campos (AL) no dia 20 de setembro de 1852. Era filho de Manuel Joaquim de Albuquerque Lins e de Orminda da Rocha e Silva. Seu pai era dono de engenho de açúcar. Era primo de João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, o visconde de Sinimbu, que foi presidente do Conselho de Ministros do Império entre 1878 e 1880.
Fez seus primeiros estudos em sua cidade e aos 14 anos seguiu para Salvador, na Bahia, onde estudou humanidades no Seminário Arquiepiscopal. Sentindo vocação eclesiástica, também cursou teologia, mas, apesar de ter recebido os aplausos dos mestres, não foi ordenado por não ter a idade exigida. Resolveu então, em 1871, ir completar seus preparatórios em Pernambuco. Com efeito, em janeiro de 1873, desembarca do vapor Guará, no Recife, para ingressar na Faculdade de Direito[i], recebendo o grau de bacharel em ciências jurídicas e sociais em 1877, em companhia de Rosa e Silva, J. J. Seabra, Leão Velloso, José Paranaguá e outros. Em novembro daquele ano, deixa o Recife a bordo do vapor Marquês de Caxias.[ii]
Nesse mesmo ano, volta a Alagoas, sendo nomeado Promotor Público no município de Anadia. Desempenhou a função durante pouco mais de um ano, até transferir-se, a conselho do visconde de Sinimbu, para a Província de São Paulo. Aí foi Juiz Municipal e de Órfãos de Santos e São Vicente e Juiz de Direito de São Simão e Ribeirão Preto, sendo posteriormente removido, a pedido, para Tatuí. Nomeado, em 1885, Chefe de Polícia do Paraná, não chegou a tomar posse em virtude da queda do Gabinete do Conselheiro Saraiva e o afastamento dos liberais do poder em agosto daquele ano. Pedindo exoneração da magistratura, foi declarado juiz de direito avulso e fixou definitivamente residência na capital paulista, onde se dedicou à advocacia e passou a colaborar na imprensa.
Em 1881, casa-se com a Srtª Helena de Souza Queiróz, filha do Barão Souza Queiroz[iii], de tradicional e rica família Sousa Queirós, de muita influência no Partido Liberal da Província de São Paulo, sendo eleito Deputado Provincial pelo 5° Distrito para a Legislatura 1888-1889, que seria a última do Império.
Em 1889, foi nomeado Presidente da Província do Rio Grande do Norte, pelo Ministério Ouro Preto, mas não chegou a tomar posse.
Albuquerque Lins, Secretário da Fazenda do 
Estado de São Paulo. O MALHO, Ano VI, nº 244, 
18 de maio de 1907.

Foi eleito vereador à Câmara Municipal de São Paulo para o triênio de 1899-1902 e escolhido por seus pares, por unanimidade, presidente da casa. Em 16 de dezembro de 1901 foi eleito para a vaga de Paulo de Sousa Queirós no Senado Estadual, e tomou posse em 8 de abril de 1902.
Renunciou em 2 de maio de 1904, quando foi nomeado secretário da Fazenda pelo presidente do estado Jorge Tibiriçá (1/5/1904-1/5/1908). Exerceria o cargo até 31 de outubro de 1907, quando foi substituído por Olavo Egídio de Sousa Aranha. À frente da secretaria, atuou em defesa da política de valorização do café adotada em face da grande safra cafeeira do período, que abriu uma tremenda crise econômica no estado e muito preocupou o governo.
Albuquerque Lins, Presidente de São Paulo. Foto:
Brazil Magazine.

Como Presidente de São Paulo, graças à sua gestão na área financeira, quando da disputa pela indicação do candidato à sucessão de Jorge Piratininga, venceu o ex-presidente Campos Sales na convenção do PRP. Formada a chapa governista, foi eleito em 1º de março de 1908, tendo como vice Fernando Prestes de Albuquerque, e tomou posse em 1º de maio de 1908, com mandato até 1º de maio de 1912.
Panorama da Capital de São Paulo, à época do Governo do Dr. Albuquerque Lins. Foto: Revista Fon-Fon, 1908.
Em sua administração à frente do governo de São Paulo, prosseguiu em sua política de valorização do café; incrementou a entrada de imigrantes, cujo número chegou a 185.367; fomentou a construção de numerosos grupos escolares, tanto na capital como no interior; transformou todas as escolas complementares em escolas normais primárias; criou institutos profissionais na capital e nas cidades de Amparo e Jacareí; aprovou a planta e orçamento para a edificação das escolas normais de Pirassununga e Botucatu; criou a diretoria geral da Instrução Pública, em substituição à Inspetoria do Ensino; iniciou a reforma do regimento penitenciário, tendo batido a pedra fundamental da penitenciária do estado; criou o Serviço Florestal, visando a desenvolver a silvicultura; criou o Patronato Agrícola; criou os Bancos de Custeio Rural; e lançou os alicerces do palácio das Indústrias, localizado no parque Dom Pedro II, no centro da capital. Entre seus auxiliares estavam Carlos Guimarães, na Secretaria da Fazenda, e Washington Luís, mais tarde presidente da República, na Secretaria da Justiça.
O Presidente Albuquerque Lins participa do lançamento da pedra fundamental da construção do novo Presídio de São Paulo, que ficaria conhecido como Carandiru, tendo a sua direita (esquerda de quem olha) o General Comandante da 10ª Região Militar e o Dr. Carlos Guimarães, Secretário do Interior, em 1911.
Palacete de residência do Dr. Albuquerque Lins, em São Paulo, na Rua da Liberdade, 87. Brazil Magazine, Ano IV, 41-41, 1920.

Nas eleições para presidente da República em 1910, foi candidato a vice-presidente na chapa civilista de Rui Barbosa, derrotada pela chapa Hermes da Fonseca-Venceslau Brás. Teve assim perturbados os dois últimos anos de seu governo, quando ocorreu uma tentativa de intervenção federal em São Paulo pela vindita do marechal Hermes, afinal evitada. Ao término de seu governo, transferiu o cargo para o sucessor Francisco de Paula Rodrigues Alves.
Teatro Lírico, Rio de Janeiro. Flagrante da Convenção Civilista, realizada em 22 de agosto de 1909, que indicou o Senador Rui Barbosa para Presidente e Albuquerque Lins para Vice-Presidente da República. Foto: FON-FON, Ano III, nº 35. 28.08.1909.
Mesa Diretora dos trabalhos da Convenção. De pé, fazendo a chamada dos convencionais, o Deputado paulista Cincinato Braga. Sentados: Deputado Álvaro de Carvalho, Senador José Marcelino e Deputado Galeão Carvalhal. Foto: Careta, Ano II, Nº 65, 28 de agosto de 1909.
Em Campanha, recebendo Rui Barbosa nos jardins do Palácio do Governo de São Paulo. Foto: Brazil Magazine.
A Chapa Rui Barbosa/Albuquerque Lins.

Em 8 de fevereiro de 1913 foi eleito senador estadual para o período de 1913 a 1921, e em 29 de abril de 1922 foi reeleito para o período de 1922 a 1930. Como parlamentar, discutiu os projetos de lei de criação de bancos agrícolas e outras medidas de interesse para a economia paulista. Foi membro da comissão diretora do PRP, como grande capitalista foi presidente do Banco de São Paulo e da Companhia Mecânica Importadora, e sempre ligado a agricultura, foi importante proprietário rural em Limeira. Foi Presidente do Banco Popular de São Paulo, depois denominado Banco Provincial de São Paulo.
Albuquerque Lins deixa o Palácio do Governo de São Paulo, sendo acompanhado pelo seu sucessor Rodrigues Alves. Careta, 18 de maio de 1912.
Já como Ex-Presidente de São Paulo, o Dr. Albuquerque Lina, tendo a seu lado a filha Helenita, os filhos Manoel e Abel e a esposa Helena, no vapor Astúrias, em viagem para a Europa. 
Faleceu em São Paulo, a 7 de janeiro de 1926, em pleno exercício do mandato de senador estadual. Seu sepultamento se deu no dia 8 de janeiro de 1926, às 17:00 horas, saindo da sua residência à Rua da Liberdade, 87[iv].
Funerais de Albuquerque Lins, vendo-se à frente do cortejo o Dr. Washington Luiz, que viria a ser Presidente da República e o Dr. Carlos de Campos, então Presidente de São Paulo.  Foto: Fon-Fon, 16 de janeiro de 1926.
Outro aspecto do cortejo fúnebre do Dr. Albuquerque Lins. Foto: Fon-Fon.
Deixou fortuna particular calculada em cerca de 10.000 contos de réis. Era sócio de uma casa Comissária de Exportação em Santos, abastado fazendeiro e proprietário de diversos imóveis na Capital Paulista, inclusive o Palacete (com teatro) Santa Helena, na Praça da Sé.
De seu casamento com Helena de Souza Queirós, teve seis filhos: Joaquim, José, Antônio, Carlos, Álvaro, Anna Helena, Helenita e Maria.
Em sua homenagem foi criado, pela Lei nº 1.708, de 27 de dezembro de 1919, o município de Albuquerque Lins, que, em 1926, teve alterada a denominação para Lins. (Antônio Sérgio Ribeiro)
A cidade de Albuquerque Lins (atualmente Lins), no Estado de São Paulo.

________________________
FONTES:
AMARAL, A. Dicionário; Correio Paulistano (8/1/1926); EGAS, E. Galeria (v.2); Folha da Manhã (8/1/1926); FONSECA, A.; IGNÁCIO, A.; BRISOLLA, C. São Paulo; Municípios e distritos; RIBEIRO, J. Chronologia; RIBEIRO, A. Governantes..
CPDOV – FGV
ABC DAS ALAGOAS, FRANCISCO REYNALDO AMORIM DE BARROS
Fundação Casa Rui Barbosa








[i] Diário de Pernambuco, 10 de janeiro de 1873.
[ii] Diário de Pernambuco, 16 de novembro de 1877.
[iii] Falecida a 4 de abril de 1936. A Nação, 5 de abril de 1936.
[iv] A Manhã, RJ, 8 de janeiro de 1926, p. 2

A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia