terça-feira, 15 de setembro de 2015

NA PARTIDA


 Olympio Fernandes

Ficas e eu parto. O coração tristonho
Recorda um cemitério abandonado
Onde foi o cadáver do meu sonho
Na tumba de outro sonho sepultado.

Ficas e eu parto. E o teu viver inconho
Faz recordar um céu todo nublado
Onde rebrame um temporal medonho
O nosso Amor, querida, enclausurado.

Ficas e eu parto. E pela vida em fora
Vou caminhando louco e em desatino
Em busca de uma noite sem Aurora

Ficas e eu parto. E a minha Dor, querida,
Assemelha-se a um barco sem destino
Sulcando o negro mar da nossa Vida.
_______________
Extraído de O Jornal, Maranhão, 9 de agosto de 1918, p. 2.
Disponível em:



____________
OLYMPIO FERNANDES
Olympio Fernandes da Silva, natural de Capela, Alagoas. Formou-se, em 1908, pela Faculdade de Direito do Recife. Em 1911, entrou para a Magistratura, tendo ocupado o cargo de Juiz de Direito nas comarcas de Grajaú, Loreto, São Francisco, Pinheiro, Brejo, Viana, Picos, no Estado do Maranhão. Em 25 de julho de 1912, casa-se, no Rio de Janeiro, na Matriz do Engenho Velho, com a Srtª Carmen da Rocha Santos, filha do Sr. Pedro Pinto dos Santos e Amélia da Rocha Santos. Ela faleceu aos 30 anos de idade, em 3 de novembro de 1916. Estranho, porém, que as notas de falecimento publicadas nos jornais da época não mencionam o nome do marido. Publicou: Entre Árvores, pela Imprensa Industrial, Recife.

Veja mais na Página: POETAS ALAGOANOS
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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia