sábado, 1 de fevereiro de 2014

TRIBUTO A O. D. S

Caro Etevaldo:


Hoje ao acordar recebi a triste notícia da morte de Olavo de Zé Dias. 
Olavo Dias Santos ou O.D.S, este, poucos sabem era seu nome artístico, foi um dos pioneiros nas transmissões de rádio em Pão de Açúcar e isso também poucos sabem. Foi também, e é esse o ponto, um ilustre desconhecido e por isso mesmo mais um dos ilustres injustiçados pela cena cultural (se é que ainda existe) de nossa terra. Imaginem (e agora falo para os que dominam a cena midiática local), nos anos 1970, quando tivemos pelo menos três empresas ou pequenas e incipientes emissoras de rádio e em todas elas O.D.S. esteve presente, com sua habilidade incomum de operador de som, que à época se conhecia como "controlista". 
Olavo, com sua capacidade ímpar de dominar um picape (não era a camionete), conseguia a um só tempo dominar no prato dois ou mais discos, com isso tocando a característica musical do programa, a música pedida e, quando estava falando o locutor, também o fundo musical. Isso, tenho certeza, era e ainda é para poucos, respeitadas as qualidades técnicas de cada um. Era aquele monstro do rádio, o que hoje se chama de DJ, seja lá o que isso for. Acompanhei o renascimento do rádio em Pão de Açúcar e nos anos 1990 e nunca se falou nada sobre Olavo, assim como não se falou de Giseldo Belarmino e Adilson Menezes, estes, cada um com seu gênero próprio, que foram sem sombra de dúvida as duas maiores vozes de toda a região, numa época em que para se estar no rádio era preciso saber falar e, muito mais que isso, ter voz. Aquele que não tem voz pode ser radialista mas locutor mesmo que é o que conta, jamais o será. Conto essa pequena história porque dela participei ativamente. 
Poderia falar sobre o assunto durante horas ou em várias páginas, mas esse não é o momento. O momento, penso eu na minha insignificância, é de prestar uma homenagem ao maior de todos os DJs de nossa terra, uma pequena colaboração para que mais um dos nossos não passe em branco e não seja engolido pela cultura de massa, esquecido pelo que realmente importa. Fica aqui a sugestão para que aqueles que se interessam pela cultura em Pão de Açúcar procurem saber quem foi O.D.S., Giseldo Belarmino, Adilson Menezes, Rosevaldo Moura, Augusto César, Danúbio Lira, Murilo Amaral e tantos outros que fizeram o verdadeiro rádio. Sem qualquer recurso técnico, sem edição, pois, com diz o Faustão "quem sabe faz ao vivo". Quando digo quem foi é porque me refiro aos anos 1970, pois muitos deles ainda vivem. Olavo, meu amigo Olavo, o estúdio é seu, faça o que você sabe pois o show deve continuar. Olavo Dias foi juntar-se às também falecidas Organizações Globo de Publicidade, Antena de Publicidade de Pão de Açúcar e Serviço de Divulgação Avenida que, ao contrário do que se pensa, não descansarão em paz. A partir de hoje as transmissões de rádio no céu tocarão as melhores músicas, sem parar, agora sim, por toda eternidade.



Massilon

 _______________

Transcrevo, com muito prazer, comentário do meu amigo Massilon Ferreira da Silva, neste Blog, falando de Olavo Dias dos Santos, um dos pioneiros do rádio em Pão de Açúcar. Ele, Massilon, também um dos personagens dessa época de ouro da nossa terra. A todos os citados a nossa homenagem e o nosso reconhecimento, acrescentando ainda o nome de Ely Emir Silva Fialho.

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia