quinta-feira, 13 de junho de 2013

PENSAR EM TI

                                          André Papini Goes¹

“Isso é amor e desse amor se morre”
                                  Gonçalves Dias

Pensar em ti é cantar um hino santo,
É tornar-me risonho quando choro,
É, acordado, sonhar com o teu encanto,
É admirar-te porque mais te adoro.

É da ave ouvir o sonoroso canto,
É sentir da rosa o sublime odoro,
É da virgem beijar o sacro manto,
Aos pés do altar em que contrito exoro.

Pensar em ti é viver num paraíso,
É existir perecendo de saudade,
É lembrar quanto é belo o teu sorriso.

É ver a sã visão da castidade,
É ouvir o brando tilintar d’um guiso.
Pensar em ti é voar à eternidade.
....    ....    ....
Publicado no jornal O Progresso, Penedo-AL,
24 de outubro de 1926.
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¹ ANDRÉ PAPINI GOES, político “penedense”, embora tenha nascido em Brejo Grande, Estado de Sergipe, a 18 de outubro de 1908. Filho de Manoel da Cunha Goes, ainda jovem foi trabalhar no comércio de Penedo, onde funda com seus colegas uma associação de classe da qual se torna um dos diretores.
Com 21 anos, muda-se para o Rio se Janeiro, onde trabalha em banco particular. Logo regressa a Alagoas. Em Maceió, passa a ser auxiliar de gabinete do interventor Hermilo de Freitas Melro, cargo que também ocupa quando da interventoria de Tasso de Oliveira Tinoco. Em 1932, integra um batalhão de voluntários da Polícia Militar de Alagoas, que foi lutar contra os constitucionalistas de São Paulo.
De retorno a Maceió, atua no Departamento Geral de Estatísticas do Estado e, posteriormente, no Departamento de Assistência aos Municípios, bem como no Departamento de Assistência ao Cooperativismo. Entre 1938 e 1940, secretaria, em Porto Alegre, o Departamento de Estatística do Rio Grande do Sul. Retorna, em 1943, para Maceió, mas logo depois passa a estudar na Faculdade de Direito do Recife, onde se forma em 1947². Como estudante, participou de congressos nacionais da UNE – União Nacional dos Estudantes, como representante de Alagoas. Secretaria o Jornal de Alagoas e, em seguida, passa a ser diretor do A Voz do Povo, jornal do Partido Comunista.
Eleito, em 19 de janeiro de 1947 Deputado Estadual, pelo Partido Comunista do Brasil, juntamente com José Maria Cavalcante e Moacir Andrade. Em 1948, os três foram cassados. Papini passa a viver no Recife onde advoga, principalmente em defesa dos operários. Aprovado em concurso, torna-se Fiscal do Imposto de Consumo, tendo trabalhado em João Pessoa, Manaus e Maceió, onde foi lotado na Contadoria Seccional do Ministério da Fazenda. Transferido para o Rio de Janeiro, foi assessor do diretor de rendas internas, do Ministério da Fazenda, cargo que ocupava quando veio a falecer, a 7 de julho de 1966.
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Fonte: ABC das Alagoas, Francisco Reynaldo Amorim de Barros.
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² Foram colegas de André Papini: Jacques Azevedo, Djalma Souto Maior Paes, Kerginaldo Rodrigues de Carvalho, Pedro Viana Neto, Sebastião Marinho Muniz Falcão, Natanael Bezerra Vale, Luiz Alves Pinto, Danilo de Carvalho Lima, Aluisio Alves, Antônio Meira Bastos, Helio Gazzaneo e Nelson Deodato Fernandes de Negreiros.

Fonte: Revista MOCIDADE, Maceió, Janeiro de 1948.

2 comentários:

  1. Caro Etevaldo: honra-me ver publicado em seu blog o poema do mano paterno André(Papini Góes), um dos mais proeminentes ocupantes do Legislativo alagoano, malgrado a brevidade de seu mandato de constituinte cassado pela horda nazifascista que, infelizmente, ainda hoje subsiste aí na província. Abrs. Antônio Manoel Góes - Rio de Janeiro.

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    1. Prezado amigo A. M. Góes,
      A poesia de André Papini é que honra este Blog. Quando o encontrei e resolvi publicar, lembrei-me de você. Espero continuar merecendo a sua leitura. Um forte abraço!
      Etevaldo

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A POESIA DE PÃO DE AÇÚCAR



PÃO DE AÇÚCAR


Marcus Vinícius*


Meu mundo bom

De mandacarus

E Xique-xiques;

Minha distante carícia

Onde o São Francisco

Provoca sempre

Uma mensagem de saudade.


Jaciobá,

De Manoel Rego, a exponência;

De Bráulio Cavalcante, o mártir;

De Nezinho (o Cego), a música.


Jaciobá,

Da poesia romântica

De Vinícius Ligianus;

Da parnasiana de Bem Gum.


Jaciobá,

Das regências dos maestros

Abílio e Nozinho.


Pão de Açúcar,

Vejo o exagero do violão

De Adail Simas;

Vejo acordes tão belos

De Paulo Alves e Zequinha.

O cavaquinho harmonioso

De João de Santa,

Que beleza!

O pandeiro inquieto

De Zé Negão

Naquele rítmo de extasiar;

Saudade infinita

De Agobar Feitosa

(não é bom lembrar...)


Pão de Açúcar

Dos emigrantes

Roberto Alvim,

Eraldo Lacet,

Zé Amaral...

Verdadeiros jaciobenses.

E mais:

As peixadas de Evenus Luz,

Aquele que tem a “estrela”

Sem conhecê-la.


Pão de Açúcar

Dos que saíram:

Zaluar Santana,

Américo Castro,

Darras Nóia,

Manoel Passinha.


Pão de Açúcar

Dos que ficaram:

Luizinho Machado

(a educação personificada)

E João Lisboa

(do Cristo Redentor)

A grandiosa jóia.


Pão de Açúcar,

Meu mundo distante

De Cáctus

E águas santas.

______________

Marcus Vinícius Maciel Mendonça(Ícaro)

(*) Pão de Açúcar(AL), 14.02.1937

(+) Maceió (AL), 07.05.1976

Publicado no livro: Pão de Açúcar, cem anos de poesia.


*****


PÃO DE AÇÚCAR


Dorme, cidade branca, silenciosa e triste.

Dum balcão de janela eu velo o seu dormir.

Nas tuas ermas ruas somente o pó existe,

O pó que o vendaval deixou no chão cair.


Dorme, cidade branca, do céu a lua assiste

O teu profundo sono num divino sorrir.

Só de silêncio e sonhos o teu viver consiste,

Sob um manto de estrelas trêmulas a luzir.


Assim, amortecida, tú guardas teus mistérios.

Teus jardins se parecem com vastos cemitérios

Por onde as brisas passam em brando sussurrar.


Aqui e ali tu tens um alto campanário,

Que dá maior relevo ao pálido cenário

Do teu calmo dormir em noite de luar.

____

Ben Gum, pseudônimo de José Mendes

Guimarães - Zequinha Guimarães.






PUBLICAÇÕES

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Pão de Açúcar, Cem Anos de Poesia